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Ano 3 - Edição 820- Fortaleza - Junho de 2013



domingo, 9 de janeiro de 2011

CONFISSÕES DE UM REPÓRTER


“O JUIZ QUE NÃO ERA JUIZ”

Da esquerda pra dirteita: Antonio Campos Neto,
corretor da bolsa; o repórter Jose Mário Lima
e o Juiz de Menores do Rio, Antonio Campos Neto,

durante acareação no juizado. (Foto O Globo)


JOSÉ MÁRIO LIMA



Tive a honra de reusar esse título, (Confissões de um Repórter), de uma coluna famosíssima nos anos 50/60, assinada por um dos maiores jornalistas brasileiros de então: David Nasser, nos tempos da Revista “O CRUZEIRO”, dos Diários Associados. Com a morte de David Nascer, até o lançamento do JM Jornal do Município, em 1981, ninguém ousou “usar”  uma coluna com esse nome. 

Motivado por minha experiência nos grandes jornais do Rio, em que trabalhei, como O Globo, Correio da Manhã, Ultima Hora, Tribuna da Imprensa, Diário Popular de São Paulo, ( Sucursal do Rio), entre outros , iniciei uma série de relatos de cunho pessoal, numa coluna com esse título no JM em 1981. Agora com a reedição do JM digital, dou vida, novamente, a “Confissões de um Repórter”, com casos inusitados, que ocorreram durante o meu árduo aprendizado no jornalismo carioca e na minha vida de modo geral..Como pretendo reunir esses relato em um novo livro, estou reeditando o primeiro episódio nesta VI edição do JM digital.


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Comecei meu aprendizado na imprensa carioca, tão logo cheguei ao Rio em janeiro de 1968.Já trazia na bagagem as experiências adquiridas na “terrinha”, mesmo ante de estudar Jornalismo, ainda quando estudante da Faculdade de Letras, em 1965. Assinava a coluna No Mundo Universitário, na saudosa Tribuna do Ceará, de Ciro Colares e Pedro Mallman e José Sancho.

Em 1966 tranquei matricula na Faculdade de Letras e prestei vestibular para o então Curso de Jornalismo da UFC, a menina do olhos da mestra e idealizadora do curso, Adisia Sá. Sendo aprovado, meu entusiasmo pelo jornalismo aumentou. Afinal fizera o vestibular de Letras porque gostava de escrever, sonhava ser um escritor. Qual a decepção quando me vi estudando línguas neolatinas e germânicas e, escrever, nada!

Aquele ano de 1967 não foi dos melhores pára mim. Troquei de jornal e minha coluna foi para o Unitário, matutino dos Diários Associados, o que havia de mais moderno no Ceará, em termo de Jornalismo impresso. No mesmo ano fui convidado pela mestra Adísia Sá para participar de um programa na então TV Ceará Canal 2, como o mesmo nome de minha coluna: No Mundo Universitário.

Esse foi o meu primeiro contato com as câmeras e com o sufoco de um dia , por um motivo que não lembro, ter substituído a professora Adisia, na abertura do programa e na condução do mesmo.

Mas esse mundo de sonhos esta prestes a acabar. As liberdades democráticas foram suprimidas por um golpe militar. O Curso de Jornalismo estava ameaçado de extinção e eu não queria parar minha carreira.

Assim, aproveitando a transferência do saudoso Professor Alcides Pinto para a Escola de Comunicação do Rio de Janeiro, pedi-lhe que levasse minha transferência, também, para a  ECO e segui atrás, num vôo do Correio Aéreo Nacional (CAN), para o Rio de Janeiro., passagem conseguida pelo prestígio do saudoso Dr.Manuelito Eduardo.

Meu sonho era voltar e ser professor no Curso de Jornalismo da UFC, coisa que até tentei em 1986, quando já havia voltado do Rio. Mas, embora tenha sido aprovado, não tive “peso político” para ser escolhido para a única vaga que existia. O mesmo aconteceu no próximo concurso, em 87. Mas essa é outra longa história que um dia espero ainda contar...

No Rio, na Escola de Comunicação conheci dois escritores, por sinal também professores de jornalismo da ECO, que muito me influenciaram e ajudaram: José Louzeiro e Assis Brasil, de quem me tornei amigo.

Assis conseguiu para mim um estágio na Tribuna da Imprensa de Hélio Fernandes, no auge dos atos institucionais, da censura prévia e da guerra de guerrilha que o Rio havia se transformado.

Louzeiro me levou para O Globo e anos mais tarde (1969), segui seus passos: pedi demissão do maior jornal da época e fui com ele me aventurar na criação do JE Jornal do Escritor, com uma ambiciosa meta: fazer um jornal literário com “cara” de jornal “grande” e viajar pelo Brasil, plantando a semente da criação do primeiro sindicato de escritores. Essa passou  a ser a meta do jornal e com muito sacrifício e sofrimentos, conseguimos em 1971 , quando editamos o ultimo número do Jornal do Escritor.

Dali voltei para a “grande imprensa” como era chamada na época: Correio da Manha, Última Hora, free-lance em agências como Trans-Press e um cem números de pequenas revistas especializadas. Lecionei História da Arte no Brasil, e no Mundo, no IBET. Prestei vestibular para o Curso de Pós - Graduação, concorrendo com o corpo de professores da  ECO.Passei e continuei minha vidinha.

 Fui indicado pelo diretor do Eco, para ser o Editor – Responsável do Projeto Radam Brasil, do Ministério das Minas e Energias, onde editei cinco livros multidisciplinares sobre o Levantamento Aerofotogramétrico do Brasil e pelo estudo da marca-símbolo do Projeto. Lecionei Publicidade e Propaganda na Faculdade Helio Alonso e Jornalismo Publicidade na Instituição Teresiana.

Sai do Projeto Radam Brasil e voltei para O Globo. E foi nesta volta a O Globo que a maior “barriga” do jornalismo de então me pegou de surpresa. Era um dia lindo de verão, as praias do Rio fervilhavam de banhistas e eu estava de plantão no sábado  e no domingo pela manhã.

Quando recebi a pauta do dia, o destino havia me premiado ou me posto a prova: chegara uma denúncia no jornal que crianças pescavam com arpão entre os banhistas , na praia de Ipanema. Seguimos para lá no carro de reportágens e não foi difícil ver e fotografar as crianças pescando com arpão.

Voltamos para a redação, escrevi a matéria e no outro dia, a mesma rendera primeira pagina toda ilustrada com fotos. No domingo quando cheguei ao jornal o chefe de reportagem, Renan Miranda, repautou a “suíte” da matéria para mim, com a seguinte orientação: Ouvir o Juiz de Menores do Rio, Dr. Antonio Joaquim Campos Neto.

Descobrir uma autoridade no Rio, num dia de domingo é uma tarefa quase impossível. Mas não me fiz de rogado. Nas agendas do jornal não havia o telefone do Juiz que assumira ao cargo recentemente. O jeito mesmo era recorrer à velha lista telefônica e procurar por Antonio Joaquim Campos Neto.

E assim eu fiz: descobri mais de cem homônimos do Juiz de Menores e comecei a discar para cada um deles:

- Alô... É da casa do Dr. Campos Neto, Juiz e Menores do Rio de Janeiro?

Foram sucessivos nãos! Quando já estava pensando em desistir e pedir ao chefe de reportagem para pautar a matéria para a segunda-feira, alguém atendeu o telefone e me encheu de esperanças:

-É da cada do Dr. Campos Neto, Juiz de Menores do Rio de Janeiro?

- É sim!

-Ele está em casa?

- Esta, disse a voz no outro lado da linha.

- Pergunte-lhe se ele recebe a reportagem de O GLOBO, para falar sobre a pesca com arpoes por menores em Ipanema.

Depois de um breve momento, o rapaz que nos atendeu voltou e disse que ele nos receberia. Confirmamos o endereço e corremos para lá , no bairro do Juá, na época um dos mais chiques do Rio de Janeiro.

Na entrada , quando vi a imensa casa, com cães enormes na vigia, fiquei meio preocupado. Um sexto sentido me dizia que tinha alguma coisa errada ali. Era muita riqueza para ser a casa de um juiz de menores. Mesmo assim, logo Antonio Joaquim Campos Neto veio no atender, de calção de seda azul, com bolinhas brancas estampadas e um copo de wiske na mao:

-Vamos entrando, disse! Ali na piscina ficaremos mais à vontade!

Eu ainda estava meio cismado. Pedi ao fotografo que fizesse fotos em vários anglos e de gravador ligado comecei a entrevista. Dava para notar que o “juiz” já estava um pouco “ligado”, mas lúcido.

- Dr. Campos Neto, perguntei o Senhor tomou conhecimento da pesca com arpões, por adolescentes na praia de Ipanema?

 E ele:

- Tomei sim! Isso é um absurdo! Temos que tomar uma providência, fazer alguma coisa para evitar esse abuso. E se alguém for ferido?

E voltei a fustigá-lo:

O Senhor, digo melhor, o Juizado de Menores vai tomar alguma providência para conter esse tipo de pesca, realizada por crianças?

-Vamos Sim! Respondeu e reafirmou: o Juizado vai tomar uma providência drástica na segunda-feira.

- Como o Sr, pretende agir, já que se trata de crianças?

 E ele:

Os pais têm que ser notificados, os arpões apreendidos.

Aí insisti:

-Quer dizer que o Juizado de Menores, digo o Sr. Dr. Campos Neto, vai tomar uma providência urgente, não é?

-Isso mesmo, amanhã bem cedo o Juizado vai tomar uma providencia para coibir esse abuso.

Ainda estava desconfiado. Mas como conseguira a entrevista, agradecemos e rumamos para a redação.

-Conseguiu? Perguntou Renan, o chefe de reportagens.

- Consegui.

Comecei a tirar a gravação da fita. Naquela época os repórteres de jornais no Rio não usavam gravadores. Todo mundo tinha o seu bloquinho de papel e anotava tudo e memorizava a respostas. Só os repórteres da Radio Globo, cujos estúdios ficavam um andar acima da redação do GLOBO, na Rua Irineu Marinho, usavam a "maquininha".

Isso me rendeu o apelido de “eletrônico”, pois nas coletivas ou no dia-a-dia, lá estava eu como meu velho gravador, do mesmo jeito que vira um dia numa revista Seleções: o repórter com o seu gravador na mão.

Retirar uma matéria de uma fita Kassete, naquela época, não era só sacal. Exigia concentração e certa técnica, pois em cima da fala do entrevistado tínhamos que improvisar para sintetizar a matéria. Nesse dia, acho que meu anjo me deu uma paciência enorme. Já eram mais de três horas quando terminei de retirar a matéria da fita. Entreguei os originais ao Chefe de Reportagens e já estava na minha hora. Fui almoçar e rumei para casa.

No outro dia, bem cedo, antes de ir para o jornal, passei numa banca e pedi para ver a edição de O GLOBO. Não dera outra: manchete de primeira página e a foto de Antonio Joaquim Campos Neto com seu short azul com bolinhas brancas e com de wiske na mão: JUIZ DE MENORES VAI ACABAR COM A PESCA DE ARPÃO EM IPANEMA.

Rumei para a redação. Já no elevador me deram a notícia:

- Você está despedido, se previna!

- Por quê? Indaguei?

Você entrevistou um homem que não é o Juiz de Menores.

O frio bateu na “barriga”. Fiquei palito, o sangue sumiu. Mas com calma me dirigi para a mesa da chefia, onde Renan já me aguardava de dedo em riste:

- Você cometeu a maior “barriga” da imprensa carioca. Entrevistou um homem que não é o juiz de Menores.

Ai o jeito era apelar para a gravação. A redação de O Globo, que naquela época já era um salão enorme, com todas as editorias lá acomodadas, ficou em silencio, para ouvir a fita. E os grupinhos, atentos passaram a ouvir a entrevista.

Conclusão: Antonio Joaquim Campos Neto era um homônimo do Doutor, Antonio Joaquim Campos Neto, Juiz de Menores do Rio de Janeiro, que acabara de assumir o cargo.

Até experientes editores de O Globo foram pegos de surpresa por este fato : ninguém conhecia ainda, realmente, o verdadeiro juiz. E a conclusão foi que o homônimo, por brincadeira ou não, se assumiu como se fosse o verdadeiro Juiz.

Escapei de ser demitido e ainda ganhei a terceira “suíte”: fazer a matéria com o Dr. Campos Neto (o verdadeiro) e estar presente na acareação realizada no Juizado de Menores, entre o verdadeiro Juiz e o impostor, que, na verdade, era um corretor da Bolsa de Valores.

Na acareação o corretor da Bolsa, Campos Neto pediu desculpas ao Magistrado Campos Neto. Seu advogado convenceu o Juiz de Menores que seu cliente não “agira de má fé” e ficou o dito pelo não dito. Coisa que só acontece nos bastidores do poder.

Nessa época passei a ser um folclore vivo na redação de O GLOBO, de onde um dia novamente pedi demissão, (1979) para ir morar num sitio Itaboraí, onde fui criar gado, galinhas, viver livre dos grandes centros.

Na época José Louzeiro escreveu um artigo enaltecendo minha coragem. “Não é todo mundo que tem coragem de renunciar a um grande jornal e a tantas regalias, da cidade grande, para viver uma vida simples”. Mas o destino já estava escrito e nas asas do JM Jornal do Município, voltei para o meu único vicio: o jornalismo e a arte de escrever.

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CULINÁRIA DELICIOSA COM LILI A MULHER DA SERRA

Culinária Deliciosa com Lili

COZIDÃO

ingredientes

  • 1kg de músculo
  • 1 colher de colorau
  • pimenta
  • cominho
  • tempero baino
  • 1 colher café de sal temperado
  • 1 cebola grande em pedaços
  • 4 dentes de alho
  • 2 sachês tempero do nordeste e sabor carne
  • 2 cenouras
  • 2 batatas portuguesas e doce
  • 1 mandioca
  • 1 beterraba
  • 1 chuchu
  • 1 pimentão
  • 1 couve
  • 2 tomates
  • cebolinha
  • salsinha
  • 300g de quiabo, de repolho, maxixe, abobora cabotia (jerimum caboclo)

Modo de preparo

Corte a carne em pedaços médios, coloque na panela de pressão com a cebola e todos os temperos. Coloque água atá cubra e coloque pra cozinhar.

Enquanto cozinha, lave e corte as verduras, beterraba separe, cenoura separe, batatas, mandioca e repolho separe, chuchu, quiabo, maxixe, abobora, couve, salsinha e cebolinha, tomates e pimentão.

Quando a carne estiver cozida coloque a beterraba e água até cobrir por 5 minutos na pressão. Depois a cenoura por mais 5 minutos, depois as batatas,a mandioca, o repolho e o chuchu, pimentao, mais 5 minutos, e por último quiabo, maxixe, abóbora, couve, salsinha, cebolinha, tomates. 1 sachê de tempero de carne. Cozinhe os últimos sem pressão por uns 10 minutos.

LILI A MULHER DA SERRA

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